Vivemos em uma era em que as doenças crônicas, como diabetes, doenças cardiovasculares e câncer, representam uma parcela significativa da carga global de doenças. Relatório do Ministério da Saúde do Brasil afirma que, em 2019, 74% das causas de morte se deram por conta de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), com 730 mil óbitos, dos quais 308.511 (41,8%) ocorrem de forma precoce, com idades entre 30-69 anos. Abordar essas condições de maneira preventiva, adotando medidas de melhoria no estilo de vida, é fundamental para reduzir a incidência de DNCT, aumentar a longevidade e mitigar o impacto negativo na qualidade de vida e nos sistemas de saúde (SAÚDE, 2023).
O aumento dos custos com cuidados de saúde e o fardo financeiro associado ao tratamento de doenças crônicas colocam pressão significativa nos sistemas de saúde. Estratégias que visam a prevenção e a gestão eficaz dessas condições têm implicações diretas na sustentabilidade econômica dos sistemas de saúde (NGUYEN et al., 2024).
A promoção de um estilo de vida saudável é essencial para alcançar a longevidade e melhorar a qualidade de vida. Este artigo analisa criticamente diversas medidas, fundamentadas em estudos científicos, que demonstram impacto na saúde global e longevidade.
Com o envelhecimento da população, a questão da longevidade saudável torna-se central. A capacidade de promover estilos de vida saudáveis e prolongar a expectativa de vida com qualidade é vital para atender às necessidades crescentes de uma população idosa (OPAS, 2024).
À medida que se expande a conscientização sobre a importância do estilo de vida na saúde, há um crescente interesse e desejo entre as pessoas de assumir o controle de sua própria saúde. Isso promove a ideia de que as escolhas de estilo de vida podem ter impacto significativo na prevenção de doenças e na promoção do bem-estar (LI et al., 2018).
A Medicina do Estilo de Vida representa uma abordagem integral que reconhece a interconexão entre vários aspectos da vida diária e a saúde. Essa perspectiva integrada destaca a importância de tratar não apenas os sintomas, mas também as causas subjacentes das doenças (DE FARIA et al., 2024).
A pandemia global destacou a importância da saúde e do bem-estar como prioridades fundamentais. Ao adotar práticas de estilo de vida saudável, os indivíduos podem fortalecer seu sistema imunológico e estar mais bem preparados para enfrentar desafios emergentes de saúde (PATRÃO et al., 2020).
Elaboramos uma revisão integrativa de literatura sobre fatores modificáveis de estilo de vida que podem auxiliar os leitores da revista Vida e Saúde a escolher atitudes práticas que influenciam no aumento da Expectativa de Vida (EV) e na Qualidade de Vida (QV). Para tanto, analisaremos sete artigos, os quais estão listados no quadro ao lado.
Considerando-se os fatores de estilo de vida analisados nos estudos abordados nesta revisão, emerge uma visão complexa e multifacetada sobre como esses elementos impactam a longevidade e a saúde. Cada estudo oferece uma peça do quebra-cabeça, destacando a importância de diferentes comportamentos e práticas na promoção de um envelhecimento saudável. Contudo, é crucial interpretar esses resultados com um olhar crítico, considerando a diversidade de populações, contextos e as próprias limitações inerentes aos estudos observacionais.
É preciso considerar as diferenças entre as populações e a atenção às variáveis confundidoras; esses são elementos cruciais na interpretação e aplicação dos resultados de estudos que investigam os fatores de estilo de vida na longevidade e na saúde. Essas considerações são fundamentais para garantir que as conclusões sejam robustas, aplicáveis a diversas realidades e capazes de orientar práticas eficazes de promoção da saúde. No entanto, é igualmente importante reconhecer que, apesar dos desafios associados, a análise conjunta desses estudos pode oferecer ganhos significativos na compreensão global dos fatores de estilo de vida.
Abordagem Holística para a Promoção da Saúde: a análise conjunta permite uma abordagem mais holística/integral na formulação de estratégias de promoção da saúde, reconhecendo a diversidade e adaptando intervenções para atender às necessidades específicas de diferentes grupos.
Identificação de Lacunas na Pesquisa: A análise conjunta destaca lacunas na pesquisa, apontando para áreas específicas que requerem mais investigação. Isso orienta futuros estudos e aprimora a compreensão global dos fatores de estilo de vida.
CORRELAÇÃO DOS RESULTADOS
Considerando-se os resultados obtidos com os escritos da autora norte-americana Ellen G. White, que propôs os “oito remédios naturais” como princípios para promover a
saúde integral, vamos correlacionar esses remédios com as dez medidas mencionadas para aumentar a longevidade e a qualidade de vida.
A correlação entre as medidas modernas para aumentar a longevidade e os oito remédios naturais propostos por White evidencia uma convergência de princípios fundamentais para promover a saúde integral. Ao analisar os resultados obtidos com as medidas contemporâneas, é possível destacar como esses se alinham aos princípios dos oito remédios naturais e como a integração desses elementos pode contribuir para uma abordagem mais completa e integral em busca de uma vida longa e saudável. Veja quadro abaixo.
A integração entre os resultados obtidos a partir das medidas modernas e os oito remédios naturais destaca uma abordagem convergente na promoção da saúde integral. A sinergia entre hábitos de vida saudáveis e princípios adventistas pode oferecer uma estrutura mais completa para alcançar a longevidade e a qualidade de vida. Incorporar esses princípios em estratégias de promoção da saúde pode proporcionar benefícios significativos, considerando tanto a perspectiva contemporânea quanto a visão adventista sobre a busca por uma vida saudável e equilibrada.
Julio Cesar Souza-Silva
Especialista em Clínica e em Medicina da Família e da Comunidade, doutor em Ciências da Saúde, com pós-doutorado na mesma área
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