quinta-feira, 21 novembro

Compreenda-se!

Texto por: Equipe VS 23 agosto, 2019 Sem comentários

Você acredita que as pessoas duras, ríspidas, autoritárias sejam as piores? Você acha que as pessoas que não têm temperamento autoritário, sejam melhores do que as que têm?

Muitos acreditam ter superior discernimento e assim criticam os motivos dos demais. Porém, nossa mente finita e limitada não pode ler o coração das pessoas. Somos imperfeitos e, por isso, não estamos qualificados para o julgamento dos outros. Por isso, nosso papel na vida não é o de juiz.

Os que tendem a criticar e a corrigir demais os outros, frequentemente estão inconscientes dos próprios defeitos, os quais podem ser piores do que aqueles que condenam nas outras pessoas. Atitudes de crítica e busca de controle sobre os outros fazem mais mal do que bem para quem as pratica.

Considerando a verdade de que não podemos ler o coração das pessoas, é melhor não atribuir a elas motivos errados. Nem todos tiveram boa educação emocional. Alguns indivíduos vieram de lares quebrantados por abusos variados, gerando crianças duras, defensivas, autoritárias, como “cactos cheios de espinhos”, dos quais brotam palavras rudes.

Quando eram crianças talvez tenham copiado o modo irritadiço de algum adulto que exercia forte influência sobre eles. Talvez o pai ou a mãe, ou ambos, fossem abusivos verbalmente, e a criança copiou o comportamento disfuncional. Podem ter aprendido a ter “espinhos” para se defenderem de abusos reais e também como proteção contra o medo e o desconforto pela dor produzida por tais abusos. E assim, os espinhos passaram a ser parte do seu ser. Muitas pessoas assim não percebem seu jeito, acham até que seja normal e que os outros é que são muito sensíveis.

Nem tudo está perdido! 

Ao cultivarmos o amor e a compaixão, os sentimentos e as palavras serão amáveis para com as pessoas que ainda não se conhecem a ponto de reconhecer os próprios defeitos. Não é fácil lidar com alguém que está sempre na defensiva, mas talvez nosso amor e paciência sejam o único caminho para que delas possa vir a brotar flor, ou seja, para que elas se tornem dóceis e deixem de ostentar seus espinhos.

Contudo, lembre-se de que você não é o padrão do mundo. Somos todos imperfeitos em maior ou menor grau e, por isso, não podemos exigir do outro aquilo que não oferecemos.

Aqueles com quem você lida no dia a dia da vida podem ter sensibilidades tão afiadas quanto as suas. Uma palavra amável, ou uma mão ajudadora sem hipocrisia, podem salvar muitos “cactos espinhosos” da ruína nos relacionamentos.

Equilíbrio é a chave

Conseguir demonstrar bondade, paciência, perdão, e amor para com as pessoas rudes é uma grande virtude. Por outro lado, saber colocar limites nos abusos delas, também é um grande feito.

Precisamos entender que muita gente, infelizmente, não vai florescer nem mesmo depois de muitos anos de vida. Isso ocorre porque não é do seu interesse melhorar como pessoa. Parece-lhes mais fácil manter somente os espinhos à vista e continuar machucando os outros constantemente. Outras desejarão ou estarão abertas para aprender a abandonar seus espinhos e usar defesas mais adequadas, não destrutivas dos relacionamentos quando se sentirem ameaçadas. Nesse caso, o que lhes falta é apenas a percepção do seu funcionamento pessoal, das escolhas e comportamentos.

Mas, se pararmos para pensar com humildade, a tomada de consciência não é algo de que todos nós precisamos durante toda a vida? Sendo assim, sejamos todos frutíferos no que nos cabe. Lutemos diariamente para evitar julgar as pessoas, de pensar nos defeitos delas. Façamos o exercício contrário: em vez de focalizarmos os defeitos alheios, olhemos corajosamente para os nossos próprios e nos esforcemos para vencê-los.

Quer um conselho? Primeiro de tudo, olhe-se a si mesmo. Depois, olhe-se de novo. Somente compreendo a si mesmo será possível crescer como ser humano.

Cesar Vasconcellos de Souza é Psiquiatra

www.doutorcesar.com.br

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *