domingo, 24 novembro

Vença a depressão

Texto por: Equipe VS 3 maio, 2019 Sem comentários

A depressão é um estado afetivo em que predomina tristeza, falta de prazer, desânimo geral, apatia, insônia (ou dormir em excesso), lentidão, pensamentos pessimistas e, às vezes, até suicidas.

Cientistas já estudam esse transtorno sob o ponto de vista do estresse. O raciocínio é simples: assim como uma infecção pode produzir febre, perdas afetivas importantes produzem o estado depressivo, sabendo, contudo, que há uma complexidade de fatores no surgimento da depressão.

Mas o que é o estresse? Estresse é o que se exige de uma pessoa diante de um desafio ou fator estressor. Há fatores estressores físicos, mentais, sociais, espirituais. Por exemplo, se você se expõe ao frio excessivo – um evento estressor –, ele provoca uma reação no organismo: tremor muscular. A agitação dos músculos é um mecanismo de adaptação diante do fator estressor: temperatura baixa demais para o corpo. Nesse caso, a tremedeira serve para aquecer seu corpo.

Outros agentes estressores que requerem e produzem respostas fisiológicas e manifestações comportamentais podem ser problemas conjugais, dificuldades no ambiente de trabalho, prazos curtos diante de tarefas, falta de dinheiro, violência social, corrupção, injustiça social, etc.

Hans Selye, já na década de 1930, em seus estudos na Universidade McGill, em Montreal, Canadá, descreveu a Síndrome Geral de Adaptação, definindo o estresse não como doença, mas como um mecanismo de adaptação que o corpo e a mente adotam diante de alguma exigência.

Psicoeducação

Quando um relacionamento valioso é rompido e você precisa manter distância de alguém importante para você, sua mente tende a reagir com tristeza. A quebra do relacionamento pode ocorrer também consigo mesmo, quando se torna necessário passar por uma desidealização, isto é, reconhecimento dos próprios erros que produziram complicações na vida, etc. Então, você vai descobrindo que não era como pensava que era, que tinha motivações não saudáveis por baixo do tapete da consciência, e enxergar tudo isso dói, podendo entristecer por um tempo e gerar sintomas depressivos.

Portanto, as causas da tristeza precisam ser esclarecidas, compreendidas pelo indivíduo que sofre, porque se não forem elaboradas conscientemente para serem trabalhadas corajosamente, provavelmente produzirão a persistência dos sintomas. Assim, basear o tratamento da depressão somente em medicamentos é perigoso porque pode mascarar as verdadeiras questões do sofrimento.

A meu ver, para o tratamento de muitos sofrimentos emocionais, o mais importante é a “psicoeducação”, ou seja, a pessoa aprende a lidar com sua dor, entendendo de onde ela vem, para que possa saber que passos dar em direção à mudança de vida que produza alívio e cura.

Para tanto, é imprescindível a autoanálise: Como eu lido com essa ou aquela emoção? É analisando as próprias decisões que se chega à conclusão sobre o que é saudável e o que é doentio no pensar, no sentir e no agir.

Muitos casos depressivos são resolvidos espontaneamente, sem tratamento especializado. Isso ocorre quando a pessoa tem uma história pessoal de saúde mental razoável, sem antecedentes familiares com transtornos mentais significativos.

Há também quem tenha boa capacidade e disposição de avaliar seus pensamentos a fim de identificar o que pode estar distorcido, e se empenha em trabalhar racionalmente para fazer as devidas correções na sua cognição.

Outras pessoas desenvolvem uma postura na vida em que preferem fazer esforços para elaborar e elucidar as causas da dor emocional sem correr primariamente para a busca de resoluções medicamentosas.

Medicamentos para depois

Sempre é válido destacar que os medicamentos para a depressão e para a ansiedade não curam a causa do sofrimento, atuam somente nos sintomas.

Então, lidando com o estado depressivo de leve a moderado, espere um pouco antes de lançar mão de remédios farmacêuticos. Reduza suas atividades, mas não pare totalmente. Pratique exercícios físicos ao ar livre, se possível, diariamente. Elimine cafeína, bebidas alcoólicas e tabagismo, pois estressam o cérebro. Faça força para estar com outras pessoas algumas vezes, mesmo que sua vontade seja a de se isolar. Visite alguém que precisa de ajuda e ofereça auxílio.

Lute para voltar sua concentração para o que tem funcionado em sua vida até agora, valorizando conquistas obtidas. Cultive gratidão a Deus e às pessoas que caminham ao seu lado.

Evite deixar seus pensamentos focados no negativo, no lado escuro, pois você se torna parecido com aquilo que mais vê e pensa. Muitos sentimentos resultam tão somente das mensagens que você mesmo envia ao seu cérebro por meio de diferentes estímulos.

Saiba que pensamentos saudáveis não nos vêm naturalmente. Na verdade, nós temos é que batalhar por eles. Educar nossos pensamentos é uma tarefa pessoal, racional, que, sendo feita, ajuda e muito na recuperação da depressão.

De quanto tempo você precisa para se recuperar? Depende de quão complexo é o problema que gerou seu estado depressivo, da existência ou não de propensão para a depressão, de tendência genética e influências epigenéticas favorecedoras do sofrimento, do quanto havia no passado e há no presente quanto ao seu estilo de vida (sedentarismo, má alimentação, etc.), pois tudo afeta o cérebro.

Cesar Vasconcellos de Souza | www.doutorcesar.com.br

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